domingo, 13 de setembro de 2015

Como o movimento apostólico atual afeta a igreja? - Augustus Nicodemus

Publicado em 9 de set de 2014

Apóstolos: A Verdade Bíblica Sobre o Apostolado

Este livro é fruto de um cuidadoso e profundo estudo bíblico, realizado pelo autor Dr. Augustus Nicodemus, que investigou quais as marcas, caráter, papel e limites do ministério apostólico. Um livro necessário e urgente para a igreja de nossos dias, especialmente para o entendimento de questões relativas à interpretação bíblica e à liderança e estrutura da igreja.

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quinta-feira, 2 de abril de 2015

A Grandiosa Solução: A Ressurreição de Jesus Cristo


Richard D. Emmons

No Domingo de Páscoa celebramos a ressurreição de Jesus Cristo. Que dia maravilhoso é este para os cristãos se regozijarem em união. O mundo não o compreende, e isto é lamentável porque a ressurreição resolve os três maiores problemas da humanidade: a morte espiritual, a morte física e a vida sem esperança.

A Vida em Cristo

Todas as pessoas têm problemas, dificuldades e sofrimentos. Mas poucas entendem a verdadeira fonte deles. O apóstolo Paulo coloca as coisas da seguinte maneira:

“Ele vos deu vida, estando vós mortos em vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo (...) entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.1-3).

Todos nós nascemos com uma velha natureza, fazendo com que estivéssemos espiritualmente mortos – cortados da presença de Deus. Podemos pensar que somos livres, mas estamos presos nas armadilhas do pecado. Algumas pessoas percebem esse fato quando são confrontadas com a Palavra de Deus e ali encontram as respostas que estiveram procurando.

Quando recebemos o dom da vida espiritual, somos postos em liberdade:

“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo” (Ef 2.4-5).

A ressurreição de Jesus torna possível que você e eu recebamos o dom da vida espiritual por meio da graça de Deus, que nos alcança e restaura o nosso relacionamento com Ele, proporcionando-nos o perdão dos pecados:

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9).

Todos podem receber esse dom. E estou feliz que seja um dom, porque, sem ele, a única maneira pela qual poderíamos pagar pelos nossos pecados seria morrermos nós mesmos por eles. Devemos receber a Cristo como nosso Salvador. Ele é a solução proporcionada por Deus. Nossos pecados foram colocados sobre Jesus. Ele morreu em nosso lugar para que pudéssemos receber o dom da vida eterna através da graça de Deus. O próprio Jesus disse:

“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24).

A vida de John Newton foi transformada quando ele descobriu a graça de Deus. Capitão britânico de um navio mercante de escravos, Newton veio a entender sua pecaminosidade e necessidade de um Salvador. Depois de sua conversão, em 1748, ele escreveu o memorável hino “Amazing Grace”, celebrando o que Deus havia feito por ele.

A Vida da Ressurreição

O segundo problema que todo o mundo compartilha é a morte física. Todos nós morreremos. Nem um único indivíduo neste planeta escapará da morte a menos que Jesus volte antes.

A morte espiritual gerou a morte física: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

No dia em que Adão pecou no Jardim do Éden, ele morreu espiritualmente (Gn 2.17). Aquela morte prenunciou a morte física. Em Adão, todos morrem. A morte física, de fato, é a prova da morte espiritual – de que todos nós nascemos alienados de Deus.

Corrigir o problema da morte espiritual não reverte a morte física. Ainda temos funerais, necrotérios e cemitérios. Então, qual a solução do problema da morte física da humanidade?

“Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.17).

Por causa da ressurreição de Jesus, Deus pode agora dar-nos o dom da vida ressurreta:

“Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1Co 15.22).

Esta é a promessa e a esperança que Jesus nos proporciona:

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25).

Você vai morrer? Sim. Mas, se recebeu Jesus como seu Salvador, você viverá novamente em um lugar de bênçãos.

Você vai morrer? Sim. Mas, se recebeu Jesus como seu Salvador, você viverá novamente em um lugar de bênçãos. A ressurreição é o nosso futuro por causa dEle.

Houve pessoas que foram ressuscitadas durante o tempo em que Jesus estava na Terra. Mas todas elas morreram de novo. Jesus foi o primeiro a morrer fisicamente e a ressuscitar em um corpo glorificado. Ele é as primícias, e os cristãos seguirão em Seus passos:

“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos. Sendo ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1Co 15.20-23).

As palavras operativas aqui são: “em Cristo”. Se recebeu o dom da vida eterna através de Jesus Cristo, você ganhou a vida espiritual para hoje e a vida da ressurreição para a eternidade. Não há necessidade de temer a morte física. Jesus veio para libertar aqueles que vivem com medo da morte durante toda a sua vida (Hb 2.9). Se aceitamos Jesus como o sacrifício perfeito e final pelos nossos pecados, nossos corpos sairão da sepultura e viveremos maravilhosamente por toda a eternidade. É a ressurreição de Jesus que nos proporciona tal vida.

Vida Abundante e Livre

Muitas pessoas vivem uma vida sem realizações, sem um propósito verdadeiro. Aqueles que vivem meramente para satisfazer seus próprios desejos freqüentemente se sentem vazios. Como escreveu o rei Salomão:

“Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma (...); e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento” (Ec 2.10-11).

Paulo descreveu a situação teo­lo­gi­camente:

“Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (Rm 7.5-6).

A ressurreição de Jesus resolve o problema da desesperança. Pessoas que vivem sem nenhum propósito eterno freqüentemente se perguntam: “Qual é o sentido da vida?”.

Por outro lado, se você tem Jesus como seu Salvador, foi-lhe dada uma nova vida, a qual você pode viver para Ele.

“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura...” (2Co 5.17).

“Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida” (Rm 6.4).

Deus quer que vivamos abundantemente e que tenhamos uma vida cheia de propósito.

Se estamos “em Cristo”, temos novidade de vida porque fomos identificados com Ele em Sua morte e ressurreição. Deus quer que vivamos abundantemente e que tenhamos uma vida cheia de propósito:

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10).

Um dia, todos compareceremos diante de Jesus, e Ele escrutinará nossos atos. O que fizemos por meio de nossos próprios esforços, separadamente dos direcionamentos de Deus, será destruído. Mas o que fizemos por Ele durará para sempre (1Co 3.12,14). A ressurreição de Jesus tornou possível para nós termos alegria e sentido de realização aqui e agora, e vivermos além da morte.

Amigo, se você pudesse tão somente entender que a alegria de viver está no morrer do “eu”, como Jesus fez! Quando você morre para si mesmo e se dá aos outros, Deus derrama alegria e sentimento de realização sobre você, a despeito dos sofrimentos que a vida diária pode freqüentemente trazer. Mas, primeiro, você deve reconhecer que é pecador e aceitá-lO como seu Salvador. Depois, você terá os céus e vai querer estar lá; além disso, terá um propósito enquanto viver aqui na Terra.

Não desperdice sua vida. A ressurreição de Jesus a torna preciosa. Receba-O como seu Salvador, e quem sabe quão grandes coisas Deus poderá realizar através de você! (Richard D. Emmons —  Israel My Glory — Chamada.com.br)

domingo, 29 de março de 2015

Repúdio à tirania midiática – Um manifesto

A mídia retrata, critica, sugere ou impõe a realidade.

Quando retrata é mídia passiva, apenas útil como espelho para mostrar o que já se vê no dia a dia.

Quando critica avalia, aponta equívocos, destaca virtudes, insinua causas e consequências, faz pensar.

Quando sugere, aponta caminhos, propõe alternativas, conjectura possibilidades, abre debates, faz antever novos cenários.

Quando impõe, desrespeita, acha-se dona da verdade, almeja implantar uma nova e sua realidade, agride, insulta, desconsidera valores, fecha os olhos para a realidade que está, em favor da que pretende implantar. É radical e, por isso, opressora e perversa.

O que temos hoje no Brasil é a tentativa de implantação da mídia impositiva, em prejuízo crasso da reflexiva e crítica; em prejuízo óbvio da que é racional, da de bom senso e da plausível.

O caso que gera agora reações das pessoas, trazido ao ar pela Rede Globo de Televisão, com a recém lançada novela “Babilônia”, é uma demonstração clara da tentativa dessa mídia impositiva e perversa estabelecer-se e, pior, prevalecer. 

Aconteça isso e teremos instalada a ditadura midiática, agora ditando não cortes de cabelo, vestuários e grifes, mas ideologias, hábitos e comportamentos.

Nada mais avesso aos princípios cristãos, zelosos dos bons costumes de uma moralidade equilibrada e fortemente embasada num espiritualidade saudável, onde a mente é desafiada a um constante inconformismo com realidades más e improdutivas; onde a consciência crítica é estimulada para provocar mudanças positivas nas realidades vigentes. 

Do ponto de vista cristão a realidade não é destino, especialmente quando se apresenta débil, enferma, exibindo contornos de crueldade e de maldade. 

Por esta razão nós, pastores e líderes batistas, indignados com esta postura ditatorial da Rede Globo, ao colocar no ar cenas que, além de não retratarem a realidade, pulam a etapa da reflexão e insistem na tentativa de convencer as pessoas que o lixo é bom, que o podre é nobre e que a imundície é saudável.

Nossa indignação é reagente a este persistente esforço da Rede Globo, mormente através da sua dramaturgia, de destruir a família, esculachar com o casamento, legitimar o adultério como caminho viável à felicidade e a mentira, traição e falsidade como ferramentas sadias para se conseguir o que se deseja.

Indignados, nos manifestamos objetivamente contra as novelas e os programas da Rede Globo que seguem nesta trilha nefasta, desmanteladora da família e demolidora dos valores cristãos, bem como contra qualquer outra emissora que vá na mesma direção.

Fazemos, como líderes cristãos que somos, ecoar tão longe quanto possível, a lembrança de que somos, como pessoas, agentes e não meros objetos da história.

Somos nós que compramos os aparelhos de TV, somos nós que escolhemos nossos pacotes de canais por assinatura, somos nós que selecionamos os canais e somos nós, com a nossa audiência ou com a ausência dela, que decidimos que tipo de mídia desejamos.

Assim, apelamos ao povo brasileiro que não se deixe dominar por uma mídia perversa que tudo faz para implantar a tirania do poder midiático. Ao contrário, escolha criteriosamente canais e programas; que aguce sua consciência crítica e lute por uma mídia saudável e benévola, construtiva de um Brasil melhor.

Que o povo brasileiro lembre-se do que ensinou Paulo, o Apóstolo: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Rio de Janeiro, Março de 2015.
Ministério OIKOS – Ministério Cristão de Apoio à Família

Fonte: Movimento Cristão em Defesa da Família


Aliança Pró-Família

Recebido por e-mail via Pr. Cleydemir Santos

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Jesus é socialista?



Thomas Ice

Quando é feita a pergunta: “Jesus é socialista?” a resposta clara é: “Não, evidentemente!” A afirmação de que Jesus era socialista foi recentemente feita no Washington Post, por Gregory Paul, que tenta argumentar em favor de um socialismo ordenado biblicamente a partir dos primeiros capítulos de Atos.[1] As afirmações de Paul não têm nada de novo e provavelmente surgiram de um debate abrangente que está sendo travado nos EUA em relação a socialismo versus mercados livres. O presidente Obama e seu grupo querem o socialismo, enquanto o restante da nação quer se mover para longe do controle governamental da economia.

O que é socialismo?

Precisamos primeiramente iniciar este exame com uma definição exata de socialismo. The Oxford English Dictionary define socialismo como “uma teoria política e econômica de organização social que defende que os meios de produção, distribuição e troca devem ser de posse da comunidade como um todo e regulados por ela”.[2] O fato de ser uma teoria política e econômica sempre significa que, na realidade, o governo possui ou regula a economia. Quando o governo regula, mas não possui os meios de produção, isso é chamado de fascismo, como na Alemanha nazista. Quando o governo possui e controla os meios de produção, isso é chamado de comunismo, como na antiga União Soviética. As duas versões se encaixam na idéia mais ampla de socialismo.

Onde é que a Bíblia fala sobre uma teoria política e econômica? De acordo com Gregory Paul, a idéia é abordada nos primeiros capítulos de Atos. Paul diz que Atos 2 e 4 mostram o socialismo:


Bem, amigos, esta é uma afirmação direta do socialismo do tipo descrito milênios mais tarde por Marx, que provavelmente obteve a idéia geral a partir dos evangelhos.[3]

Paul também declara que “a Bíblia contém a primeira descrição de socialismo da história”. Não satisfeito por ter massacrado a Palavra de Deus em Atos 2 e 4, Paul segue adiante para Atos 5, dizendo:


O capítulo 5 detalha a ocasião em que um membro da igreja não entrega toda a sua propriedade à igreja e “cai morto”. Mais tarde, quando sua mulher fez o mesmo, “cai morta”.[4]

E Paul ainda continua com suas barbaridades:


Prezados leitores, isto não se parece com uma forma de comunismo imposta pelo terror por um Deus que acha que os cristãos que não se juntam à coletividade merecem morrer? Não apenas o socialismo é uma invenção cristã, mas também sua variação extrema, o comunismo. A afirmação de muitos cristãos, de que Cristo odeia o socialismo, não é verdadeira, uma vez que nenhuma descrição explícita do capitalismo pode ser encontrada na Bíblia – o que não é surpresa, já que o capitalismo ainda não havia se desenvolvido.[5]

Propriedades privadas em Atos

Onde é que, em Atos, o governo estava envolvido, exceto na tentativa de suprimir a pregação do Evangelho?

Não existe sequer uma sombra de socialismo no livro de Atos pelos seguintes motivos: primeiro, se o socialismo estivesse em Atos, não poderia ter havido nenhuma propriedade privada porque a posse de todas as propriedades pelo governo está no coração do socialismo. Onde é que, em Atos, o governo estava envolvido, exceto na tentativa de suprimir a pregação do Evangelho? Não eram funcionários do governo que estavam tratando com a Igreja Primitiva; eram os Apóstolos. Visto que o Deus do Antigo Testamento é o mesmo do Novo Testamento, deve haver continuidade em qualquer que seja o assunto. Wayne Grudem observa: “A Bíblia pressupõe e reforça um sistema no qual as propriedades pertencem aos indivíduos, não ao governo ou à sociedade como um todo”.[6] Mais adiante, Grudem observa que o direito à propriedade privada está pressuposto no oitavo e no décimo mandamentos e por toda a Lei dada por meio de Moisés. Como alguém poderia roubar ou cobiçar as posses de seu próximo se não houvesse propriedades pessoais? No livro de Atos, como seria possível que alguém vendesse suas propriedades pessoais e desse o dinheiro aos Apóstolos se não houvesse propriedades individuais? Se não existissem propriedades pessoais, então o governo possuiria tudo e as pessoas não teriam propriedades para vender. Se os Apóstolos eram de alguma forma os cabeças de um ajuntamento comunitário, então eles é que teriam tido controle sobre as propriedades de todos os demais e não os indivíduos que venderam suas propriedades.

Segundo, Paul argumenta em favor do socialismo baseado na afirmação que está em Atos 2.44-45: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”. Como é que isto, de alguma maneira, modo ou forma, apóia o socialismo? O contexto é claro: por causa da fé comum que esses convertidos tinham em Cristo (ver versículos 41-43), eles estavam unidos em seu objetivo de espalhar a nova fé entre outros. Entretanto, sabemos, a partir do contexto anterior (At 2.5-11) que muitos dos novos convertidos estavam visitando Jerusalém, vindos de muitos outros países. Portanto, a fim de proporcionar apoio para as necessidades físicas dos que eram de outras localidades enquanto estes estavam sendo instruídos na nova fé, o grupo todo cooperava para ajudar a pagar pelas necessidades deles. A afirmação de que os crentes “tinham tudo em comum” significa que muitos deram suas propriedades privadas para a causa de sustentar a nova congregação. Essa afirmativa demonstra o fruto do Espírito em operação na vida deles, de forma que davam espontaneamente de suas riquezas materiais da mesma forma que hoje fazem muitos cristãos com suas propriedades pessoais.

Ananias e Safira não foram mortos por não serem bons socialistas.

Terceiro, Paul diz que o motivo pelo qual Ananias e Safira foram mortos pelo Espírito Santo em Atos 5 foi que eles se recusaram a entregar o preço de toda a sua propriedade às autoridades porque a comunidade deveria possuir tudo. Tal visão, à luz do contexto, é ridícula! Paul ignora o versículo 4, no qual Pedro diz ao casal: “Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?” Tais palavras ditas por Pedro não dão suporte à noção de Paul de que Ananias e Safira foram mortos por não serem bons socialistas. Pelo contrário, o que Pedro diz se encaixa perfeitamente com o ponto de vista do restante da Bíblia, de que o campo do casal era propriedade do casal. Bem como o dinheiro recebido da venda de sua terra. O problema foi que eles mentiram sobre a quantia que estavam doando à Igreja Primitiva. Ananias e Safira fizeram com que parecesse que eles haviam ofertado todo o valor obtido com a venda de sua propriedade, quando, na verdade, haviam ficado com parte do dinheiro para eles mesmos. Tal enganação não era fruto do Espírito Santo, e o Senhor demonstrou logo que, de fato, o Espírito de Deus estava no meio deles porque apenas Ananias e Safira sabiam que estavam mentindo aos Apóstolos.

O que Jesus faria?

A afirmação de que Jesus é socialista é uma afirmação inverídica. Essa afirmação e outras semelhantes a ela têm sido feitas comumente por progressistas por, pelo menos, os últimos cento e cinqüenta anos. Os progressistas não acreditam que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada e infalível e, portanto, tentam tomar partes da narrativa do Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos) e manipular o significado desses textos a fim de defender suas idéias pré-concebidas. Aparentemente eles acham que tal abordagem atrairá aqueles que estão dentro da Igreja que, de outra forma, não estariam abertos a seus pontos de vista. Portanto, quando Jesus faz afirmações sobre os pobres e contra os ricos, eles não conseguem perceber através do contexto qual era a intenção de Jesus. Em vez disso, apelam para sua noção socialista de luta de classes como se os pobres e os ricos não fossem igualmente pecadores e não necessitassem ambos da graciosa provisão de Cristo.

Atualmente, também vemos que muitos dentro do evangelicalismo estão cada vez em maior número adotando visões progressistas (isto é, visões não-bíblicas) a respeito de todas as coisas, especialmente nas áreas políticas e sociais. Os progressistas freqüentemente retiram palavras e frases do contexto das passagens (os progressistas não são os únicos que fazem isto) e as reempacotam dentro da estrutura de suas próprias idéias (isto foi demonstrado no artigo de Gregory Paul). Eles freqüentemente tentam se opor a Jesus através de outras partes da Bíblia, pintando uma figura de Jesus que a Bíblia não apóia. Depois, eles fazem perguntas sobre esse Jesus ridículo, por exemplo: “Que carro Jesus dirigiria?” Eles têm certeza de que não seria uma SUV. O mesmo acontece quando tentam fazer de Jesus um líder do socialismo. Adoram pegar palavras da Bíblia, como “justiça”. Eles a reempacotam com seus padrões de justiça em vez de usarem o padrão de justiça de Deus, ao qual não dão a mínima. Bem, Jesus faria o que a Bíblia diz que Ele faria e o fará no futuro. Parece não haver a menor preocupação com o que Jesus fará em Sua segunda vinda.

Conclusão

Por isso há inúmeros entre os que são chamados “evangélicos” que são defensores do socialismo, como Jim Wallis, dos Sojourners, Brian McLaren, Ron Sider e Tony Campolo, para falar apenas de uns poucos. Essas idéias estão sendo semeadas gradativamente nas denominadas faculdades e universidades “evangélicas” como sendo questões “de justiça social”. Independentemente do que essas idéias possam ser ou de onde elas vêm, uma coisa é certa: a Palavra de Deus não é a fonte delas. De fato, as fontes de tais idéias são claramente satânicas. De acordo com a profecia bíblica, o mundo está sendo preparado para um tempo em que o socialismo realmente virá a dominar sob o governo do Anticristo. Dessa forma, não é Jesus que é socialista; mas será o Anticristo que posará como “anjo de luz” a fim de usar o socialismo como veículo para fazer surgir temporariamente um período no qual o governo tentará possuir todos os bens dos homens, inclusive seus corações. Não, Jesus não é, nem nunca foi e também jamais será socialista. A Bíblia nos diz que Jesus usará toda a eternidade derramando Suas bênçãos ilimitadas e riquezas sobre os crentes. Maranata! (Thomas Ice - Pre-Trib Perspectives - http://www.chamada.com.br)

Notas:
1.Gregory Paul, “From Jesus’ Socialism to Capitalistic Christianity” [Do Socialismo de Jesus ao Cristianismo Capitalista], The Washington Post (12 de agosto de 2011).
2.Soanes, C., & Stevenson, A. (2004). Concise Oxford English Dictionary [Dicionário Conciso de Inglês Oxford] (11ª ed.). Oxford: Oxford University Press, s. v. “socialism”.
3.Paul, “From Jesus’ Socialism”.
4.Paul, “From Jesus’ Socialism”.
5.Paul, “From Jesus’ Socialism”.
6.Wayne Grudem, Politics According to the Bible: A Comprehensive Resource for Understanding Modern Political Issues in Light of Scripture [A Política de Acordo com a Bíblia: Um Recurso Extensivo para o Entendimento das Modernas Questões Políticas à Luz das Escrituras] (Grand Rapids: Zondervan, 2010), p. 262.

Extraído de Revista Chamada da Meia-Noite janeiro de 2012 

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também. Assine aqui » 


Thomas Ice é diretor-executivo do Pre-Trib Research Center (Centro de Pesquisas Pré-Tribulacionistas) e professor de Teologia na Liberty University. Ele é Th.M. pelo Seminário Teológico de Dallas e Ph.D. pelo Seminário Teológico Tyndale. Editor da Bíblia de Estudo Profética e autor de aproximadamente 30 livros, Thomas Ice é também um renomado conferencista. Ele e sua esposa Janice vivem com os três filhos em Lynchburg, Virginia (EUA).

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As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores.

Fonte: Fonte: http://www.chamada.com.br/mensagens/jesus_socialista.html

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

As Profecias num Relance

Thomas C. Simcox

Eis que as primeiras predições já se cumpriram, e novas coisas eu vos anuncio; e, antes que sucedam, eu vô-las farei ouvir” (Is 42.9).

As Profecias que já foram cumpridas

Israel

•Abraão e Sara teriam um filho chamado Isaque (Gn 15.4-6; Gn 17.17-19; Gn 18.9-15). Cumprida literalmente (Gn 21.1-5; Hb 11.17-19).
•Jacó e Esaú: o mais velho serviria ao mais novo (Gn 25.23). Cumprida literalmente (vv.30-34; Gn 27.1-46).
•Escravidão no Egito, seguida de libertação e grande recompensa (Gn 15.13-14; Gn 46.1-4). Cumprida literalmente (Êx 5.1-14.31).
•A Tribo de Judá governaria (Gn 49.10). Cumprida literalmente através do rei Davi (1Sm 16.1-13).
•Remoção da terra por causa de pecado (Dt 28.15-68). Cumprida literalmente: cativeiro na Assíria, 722 a.C.; cativeiro na Babilônia, 586 a.C.
•Problemas de Davi devido ao pecado com Bate-Seba (2Sm 11.1-12.11). Cumprida literalmente: Amnom estupra Tamar (2Sm 13.1-39); Absalão mata Amnom (vv.28-30); Absalão se rebela e morre (2Sm 14.1-18.33).
•O reino seria dividido devido ao pecado de Salomão (1Rs 11.29-40). Cumprida literalmente (1Rs 12.16-24).
•Julgamento de Jeroboão; nomeação de Josias (1Rs 13.1-5). Cumprida literalmente 300 anos mais tarde (2Rs 23.15-20).
•O cativeiro duraria 70 anos; o retorno seria sob o governo de Ciro (Is 44.21-28; Is 45.1,5; Jr 25.11-12). Cumprida literalmente (Ed 1; Dn 9.2).

Nações

• Síria (Damasco): Destruição por meio do fogo (Am 1.3-5). Cumprida literalmente: a Assíria arrasa Damasco em 732 a.C. (2Rs 16.7-9). 
• Filístia (terra dos filisteus): Punição por vender o povo judeu à escravidão (Am 1.6-8). Cumprida literalmente: a Babilônia destrói as cidades dos filisteus (2Cr 26.6).
• Tiro (Fenícia): Punição por quebrar os votos e entregar o povo judeu a Edom (Am 1.9-10). Cumprida literalmente: Alexandre, o Grande, derrota a fortaleza da ilha em 322 a.C.
• Edom: Punição por causa da crueldade e do ódio ao povo judeu (Jr 49.15-20; Ez 25.12; Am 1.11-12; Ob 10). Cumprida literalmente: Roma conquista os nabateus no ano 106 a.C.; no século IV, Petra fica desabitada.
• Amom: Punição por seus freqüentes ataques às fronteiras, tortura de mulheres e morte de crianças antes de seu nascimento (Am 1.13-15). Cumprida literalmente: a Assíria destrói Amom em 732 a.C.
• Babilônia: Seria capturada por medos e persas (Is 21.1-9; Jr 25.11-12; Jr 51.1,7-14). Cumprida literalmente em 539 a.C. (Dn 5.25-30).

As Profecias que serão cumpridas

Israel

• O povo judeu retorna à sua terra, vindo dos países para onde havia sido levado (Jr 16.14-15; Jr 23.7-8; Jr 24.6). 
• O Anticristo promete a Israel sete anos de paz (Dn 9.27). 
• O Anticristo desencadeia terrível perseguição contra Israel (Dn 7.24-25; Mt 24.21; Ap 12.13).
• Israel foge para o deserto em busca de proteção (Ap 12.6,14). 
• Israel volta para Deus de todo o seu coração (Jr 24.7; Zc 12.10-13.1). 
• O Senhor Retorna. Ele defende Seu povo e destrói seus inimigos (Zc 9.14-17; Zc 12.1-9; Zc 14.3-5; Ap 19.17-21).
• O Rei Messias governa sobre o novo Reino Davídico (Is 9.7; 11.1-5; Jr 23.5-6; Jr 33.14-17). 
• Israel recebe uma porção dobrada de bênçãos em sua terra (Is 61.7). 
• O lobo habita junto com o cordeiro, e o leão come palha no Reino Messiânico (Is 11.6-9; Is 65.25).
• Israel habita em paz e segurança em sua Terra Prometida (Jr 23.6). 
• Israel guia os gentios em louvor ao Deus de Israel (Is 61.6; Zc 8.23).

As Nações 

•A Rússia, o Irã, a Líbia, a Etiópia (hoje o Sudão) e outras nações atacam Israel (Gogue e Magogue, Ez 38-39). 
• O Anticristo surge do Império Romano reavivado (Dn 7.7-8; Ap 13.1-2).
• Os juízos dos selos, das trombetas e dos flagelos (Ap 6.1-12; Ap 8.1-9.21; Ap 11.15; Ap 15.5-16.21). 
• O Anticristo exige adoração e engana o mundo (Dn 11.36-37; 2Ts 2.3-4; Ap 13.2,4,8).
• Os sistemas comerciais e os falsos sistemas religiosos do mundo são destruídos (Ap 17-18).
• As nações vêm a Armagedom. O Senhor Retorna. Ele derrota o Anticristo e Satanás (Jl 3.9-16; Zc 14.2-4; Ap 19.11-20).
• As nações são julgadas com base no tratamento que deram ao povo judeu (Mt 25.31-46). 
•Os gentios são abençoados no Reino Messiânico Milenar (Is 11.10; Is 42.1; Is 49.1; Is 66.12,19). 
• O Egito, a Assíria e Israel são bênçãos (Is 19.23-25).
• O Julgamento do Grande Trono Branco. Todo joelho se dobrará diante do Messias, Jesus, e todos confessarão que Ele é o Senhor (Fp 2.10-11; Ap 20.11-15).

A Igreja

• Livrada da Tribulação (o Tempo da Angústia de Jacó) por meio do Arrebatamento (Jo 14.2-3; 1 Ts 4.13-18; Ap 3.10.
• Os crentes recebem corpos ressurretos como o de Cristo e O vêem fisicamente (1Co 13.12; 1Co 15.52; 1Jo 3.2-3).
• Trono do Julgamento de Cristo; recebimento de recompensas; ceia das Bodas do Cordeiro (Rm 14.10; 1Co 3.12-15; 2Co 5.10; Ap 19.9).
• O Senhor retorna. Os santos vêm com Ele e Ele prende Satanás por 1.000 anos (Zc 14.5; Ap 20.1-3).
• Os santos reinam e governam com o Messias no Reino Messiânico (2Tm 2.12; Ap 20.4-6).
• Os santos julgam os anjos (1Co 6.3).
• No final dos 1.000 anos, após uma breve rebelião de Satanás, todos os redimidos, de todos os tempos, judeus e gentios, entram na eternidade, onde estarão diante do Senhor nos novos céus e na nova terra, para sempre (Is 66.22; Ap 21.1-7).
• Nunca mais chorarão, nunca mais morrerão, nunca mais serão separados de seus amados (Ap 7.17; Ap 21.4).

Maranata! Vem, Senhor Jesus! (Thomas C. Simcox - chamada.com.br)

Thomas C. Simcox é diretor de The Friends of Israel nos estados do Nordeste dos EUA.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A tragédia dos 12 mortos em Paris

Como metodistas temos certa afinidade com o Jornal vítima do atentado de radicais islâmicos. O metodista norte-americano Charles Schulz, que viveu 77 anos (entre 1922 e 2000), tornou-se mundialmente conhecido pelas suas tiras do Peanuts, do personagem Charlie Brown, do cachorro Snoopy... Pois bem, sua vida é que inspirou o nome desse jornal francês,“Charlie Hebdo”! 

Stéphane Charbonnier, Georges Wolinski, Jean Cabu... São nomes, são vidas, são pessoas humanas! Estão mortos: chacinados! Também Bernard Verlhac... Phillippe Honoré, Bernard Maris... Tinham história, tinham famílias, tinham gente que os amava e precisava deles! Mortos repentinamente! Como também os policiais franceses Franck Brinsolaro... Ahmed Merabedt... Tragédia ao Jornal Charli Hebdo, em Paris, neste triste 7 de janeiro!

Talvez o mais famoso dentre esses mortos tenha sido o cartunista de origem tunisiana Georges Wolinski, amado e admirado mundialmente! Cartunistas brasileiros o imitavam!

A seguir agressores também foram mortos. Dois de mesmo sobrenome, “Kouachi”, Chérif e provavelmente seu irmão Said! Terroristas ou não, na certa tinham família que os amava. Morte chama a morte! Vingança gera vingança! Agressões... Quando vão ter fim? Já existem notícias na França de granadas sendo jogadas em edifícios muçulmanos!

No mundo inteiro manifestações oficiais de autoridades solidarizaram-se com franceses pelo horrendo massacre. Esta matança não tem explicação! Até quando o ser humano perpetrará atos de ódio, vingança e medo?!

Algumas reflexões se fazem necessárias. Senhor, ajuda-nos!

1.)  Em primeiro lugar... A total ineficácia humana em produzir a justiça. Somos paupérrimos nesta questão. Quando Jesus declara “bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça” (Mateus 5.6), a melhor – talvez única – explicação para isso seja “os que têm fome e sede de Jesus”. Pois justiça humana é fraca, torta, insuficiente, tendenciosa. Ou pior: é “trapo de imundícia”, conforme Isaías 64.6. “Não há quem faça o bem”, pontifica o Rei Davi no Salmo 14.3, declaração esta copiada pelo apóstolo Paulo em Romanos 3.12. Somente Jesus é Justo. Somente na dependência dEle podemos tentar atingir um pouco de justiça.

Quem está certo? Os cartunista do Charli Hebdo ou os terroristas extremos do islã? Resposta: ninguém! Na verdade, nem você... Nem eu... Nós não temos a melhor decisão. Somos pecadores, somos limitados. Nosso juízo é e sempre será tendencioso e “o nosso lado” sempre será o único que tem razão e o outro lado, sempre, o errado...

2.) Sátiras... Formas artísticas pelas quais ridicularizamos situações, pessoas, eventos... Procuram criar efeito cômico apontando falhas ou características alheias... Podem ser em forma de palestra, esquetes, filmes... Ou charges, como foi o caso do Charli Hebdo. Até que ponto temos o direito de satirizar pessoas e organizações? Em nosso Acampamento cunhense, existe forte polêmica desde que, por vários anos, assistíamos a sátiras de pessoas em momentos de descontração. A risada provocada em alguns era também a amargura perpetrada em outros: naqueles que eram alvo da piada. Em geral criou-se um consenso de se evitar fazer sátiras, ou, ao menos, muito cuidado com os melindres que elas provocam. Que tal lembrarmo-nos de Provérbios 26.19? Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira.

3.) O Jornal Charli Hebdo satirizava a tudo e a todos. Qualquer religião, qualquer grupo. A irreverência e a pornografia galgaram patamares elevadíssimos. Por exemplo, reproduzir charge da Santíssima Trindade debochando tremendamente de Deus e dando um cunho homossexual nesse desenho.  É direito sadio e irrestrito caçoar de grupos, de ideias, de pessoas? Creio que não. A provocação do jornal francês tem sido muito direta e violenta! Para que debochar tanto? Provocar tanto? Isso sem dúvida nenhuma leva pessoas à ira, à tristeza, a sentimentos negativos. O que dizer de islâmicos que por índole já são violentos e vingativos?!

4.) A morte é radical demais. Foi saudável e positivo utilizá-la como retaliação aos ataques dos cartunistas? Claro que não! Foi um pagamento “à altura” das ofensas recebidas? Provavelmente não. Porém não podemos nos furtar a dizer que “sinais de morte” também caracterizaram as tais charges que colocavam em desenhos ofensas gravíssimas a uma religião que considerava heresia reproduzir qualquer imagem de seu fundador, o Profeta Maomé.

5.) Intolerância religiosa. É sempre ruim a intolerância! Posso não concordar com  católicos romanos, ou testemunhas de Jeová... Mas que direito tenho de caçoar publicamente deles? Meu dever é, antes de tudo, amá-los. Se considero idolatria reproduzir estátuas de algum santo católico, até que ponto pratico a justiça se eu der um pontapé numa dessas estátuas? Ainda mais numa imagem televisionada?

6.) O problema da censura. Copio aqui palavras de religioso francês, publicado no facebook pelo teólogo católico Leonardo Boff. “Um dos significados da palavra ‘censura’ é repreender. ... Quando se decide que você não pode sair simplesmente inventando histórias caluniosas sobre outra pessoa, isso é censura. Quando se diz que determinados discursos fomentam o ódio e por isso devem ser evitados, como o racismo ou a homofobia, isso é censura.” Enfim: há censuras necessárias. Nem toda censura é ruim. 

7.) A vingança é sadia? Jamais! A Bíblia a condena. “Não vos vingueis”, lemos repetidamente no capítulo 12 da Carta aos Romanos, como também, recebemos a mensagem de que somente a Deus (porque somente Ele é justo) compete utilizar a vingança. Existe aquele caso clássico que houve em São Paulo. Com nomes fictícios reproduzo-o aqui. O sr. José assassinou o sr. Antonio, alegando que o sr. Antonio mexeu com sua própria filha. Pois bem. Na hora da morte o sr. Antonio bradava: “Não fui eu! Não fui eu!” mas foi sumariamente morto. Depois do ocorrido, o sr. José descobriu o verdadeiro autor do assédio à filha: realmente não era o sr. Antonio! Ele matou o homem errado!!! Pois bem, isso é vingança. É perpetrar ato muito pior do que a ofensa original... E veja como a coisa piora porque é possível atingir a pessoa errada nessa sede de “ajuste de contas”...

8.) Quem seria salvo se não houvesse um ato Justo, definitivo, eterno, todo-suficiente, realizado pelo “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apoc. 13.8)? Deus nos salva das maldades que somos capazes de fazer. Temos erros. Caímos em equívocos. Nem sempre estamos em pé, por isso o verbo “pensar” consta em I Cor. 10.12 “quem pensa estar em pé veja que não caia”... Jesus viu maior virtude no pecador confesso do que no “justo” bonito e educado (Lucas 18.9-14). Islâmicos erraram: criminosos, assassinos! Franceses erraram: não tinham como exercer seu direito inalienável de livre expressão jornalística de maneira menos ofensiva, ou de maneira menos abusiva e provocadora?!

Senhor, tem misericórdia.

Pastor Flávio Moraes de Almeida

Fonte: o autor por e-mail que autoriza a publicação

domingo, 11 de janeiro de 2015

Je ne suis pas Charlie

10/01/2015

Há muita confusão acerca do atentado terrorista em Paris, matando vários cartunistas. Quase só se ouve um lado e não se buscam as raízes mais profundas deste fato condenável mas que exige uma interpretação que englobe seus vários aspectos ocultados pela midia internacional e pela comoção legítima face a um ato criminoso. Mas ele é uma resposta a algo que ofendia milhares de fiéis muçulmanos. Evidentemente não se responde com o assassianto. Mas também não se devem criar as condições psicológicas e políticas que levem a alguns radicais a lançarem mão de meios reprováveis sobre todos os aspectos. Publico aqui um texto de um padre que é teóloogo e historiador e conhece bem a situação da França atual. Ele nos fornece dados que muitos talvez não os conheçam. Suas reflexões nos ajudam a ver a complexidade deste anti-fenômeno com suas aplicações também à situação no Brasil: Lboff     [Leonardo Boff]

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Eu condeno os atentados em Paris, condeno todos os atentados e toda a violência, apesar de muitas vezes xingar e esbravejar no meio de discussões, sou da paz e me esforço para ter auto controle sobre minhas emoções…

Lembro da frase de John Donne: “A morte de cada homem diminui-me, pois faço parte da humanidade; eis porque nunca me pergunto por quem dobram os sinos: é por mim”. Não acho que nenhum dos cartunistas “mereceu” levar um tiro, ninguém o merece, acredito na mudança, na evolução, na conversão. Em momento nenhum, eu quis que os cartunistas da Charlie Hebdo morressem. Mas eu queria que eles evoluíssem, que mudassem… Ainda estou constrangido pelos atentados à verdade, à boa imprensa, à honestidade, que a revista Veja, a Globo e outros veículos da imprensa brasileira promoveram nesta última eleição.

A Charlie Hebdo é uma revista importante na França, fundada em 1970, é mais ou menos o que foi o Pasquim. Isso lá na França. 90% do mundo (eu inclusive) só foi conhecer a Charlie Hebdo em 2006, e já de uma forma bastante negativa: a revista republicou as charges do jornal dinamarquês Jyllands-Posten (identificado como “Liberal-Conservador”, ou seja, a direita europeia). E porque fez isso? Oficialmente, em nome da “Liberdade de Expressão”, mas tem mais…

O editor da revista na época era Philippe Val. O mesmo que escreveu um texto em 2000 chamando os palestinos (sim! O povo todo) de “não-civilizados” (o que gerou críticas da colega de revista Mona Chollet (críticas que foram resolvidas com a demissão sumaria dela). Ele ficou no comando até 2009, quando foi substituído por Stéphane Charbonnier, conhecido só como Charb. Foi sob o comando dele que a revista intensificou suas charges relacionadas ao Islã, ainda mais após o atentado que a revista sofreu em 2011…

A França tem 6,2 milhões de muçulmanos. São, na maioria, imigrantes das ex-colônias francesas. Esses muçulmanos não estão inseridos igualmente na sociedade francesa. A grande maioria é pobre, legada à condição de “cidadão de segunda classe”, vítimas de preconceitos e exclusões. Após os atentados do World Trade Center, a situação piorou.

Alguns chamam os cartunistas mortos de “heróis” ou de os “gigantes do humor politicamente incorreto”, outros muitos os chamam de “mártires da liberdade de expressão”. Vou colocar na conta do momento, da emoção. As charges polêmicas do Charlie Hebdo, como os comentários políticos de colunistas da Veja, são de péssimo gosto, mas isso não está em questão. O fato é que elas são perigosas, criminosas até, por dois motivos.

O primeiro é a intolerância. Na religião muçulmana, há um princípio que diz que o Profeta Maomé não pode ser retratado, de forma alguma. Esse é um preceito central da crença Islâmica, e desrespeitar isso desrespeita todos os muçulmanos. Fazendo um paralelo, é como se um pastor evangélico chutasse a imagem de Nossa Senhora para atacar os católicos…
Qual é o objetivo disso? O próprio Charb falou: “É preciso que o Islã esteja tão banalizado quanto o catolicismo”. “É preciso” porque? Para que?

Note que ele não está falando em atacar alguns indivíduos radicais, alguns pontos específicos da doutrina islâmica, ou o fanatismo religioso. O alvo é o Islã, por si só. Há décadas os culturalistas já falavam da tentativa de impor os valores ocidentais ao mundo todo. Atacar a cultura alheia sempre é um ato imperialista. Na época das primeiras publicações, diversas associações islâmicas se sentiram ofendidas e decidiram processar a revista. Os tribunais franceses, famosos há mais de um século pela xenofobia e intolerância (ver Caso Dreyfus), como o STF no Brasil, que foi parcial nas decisões nas últimas eleições e no julgar com dois pessoas e duas medidas caos de corrupção de políticos do PSDB ou do PT, deram ganho de causa para a revista.

Foi como um incentivo. E a Charlie Hebdo abraçou esse incentivo e intensificou as charges e textos contra o Islã e contra o cristianismo, se tem dúvidas, procure no Google e veja as publicações que eles fazem, não tenho coragem de publicá-las aqui…

Mas existe outro problema, ainda mais grave. A maneira como o jornal retratava os muçulmanos era sempre ofensiva. Os adeptos do Islã sempre estavam caracterizados por suas roupas típicas, e sempre portando armas ou fazendo alusões à violência, com trocadilhos infames com “matar” e “explodir”…). Alguns argumentam que o alvo era somente “os indivíduos radicais”, mas a partir do momento que somente esses indivíduos são mostrados, cria-se uma generalização. Nem sempre existe um signo claro que indique que aquele muçulmano é um desviante, já que na maioria dos casos é só o desviante que aparece. É como se fizéssemos no Brasil uma charge de um negro assaltante e disséssemos que ela não critica/estereotipa os negros, somente aqueles negros que assaltam…

E aí colocamos esse tipo de mensagem na sociedade francesa, com seus 10% de muçulmanos já marginalizados. O poeta satírico francês Jean de Santeul cunhou a frase: “Castigat ridendo mores” (costumes são corrigidos rindo-se deles). A piada tem esse poder. Mas piada são sempre preconceituosas, ela transmite e alimenta o preconceito. Se ela sempre retrata o árabe como terrorista, as pessoas começam a acreditar que todo árabe é terrorista. Se esse árabe terrorista dos quadrinhos se veste exatamente da mesma forma que seu vizinho muçulmano, a relação de identificação-projeção é criada mesmo que inconscientemente. Os quadrinhos, capas e textos da Charlie Hebdo promoviam a Islamofobia. Como toda população marginalizada, os muçulmanos franceses são alvo de ataques de grupos de extrema-direita. Esses ataques matam pessoas. Falar que “Com uma caneta eu não degolo ninguém”, como disse Charb, é hipócrita. Com uma caneta se prega o ódio que mata pessoas…

Uma das defesas comuns ao estilo do Charlie Hebdo é dizer que eles também criticavam católicos e judeus…
Se as outras religiões não reagiram a ofensa, isso é um problema delas. Ninguém é obrigado a ser ofendido calado.
“Mas isso é motivo para matarem os caras!?”. Não. Claro que não. Ninguém em sã consciência apoia os atentados. Os três atiradores representam o que há de pior na humanidade: gente incapaz de dialogar. Mas é fato que o atentado poderia ter sido evitado. Bastava que a justiça tivesse punido a Charlie Hebdo no primeiro excesso, assim como deveria/deve punir a Veja por suas mentiras. Traçasse uma linha dizendo: “Desse ponto vocês não devem passar”.

“Mas isso é censura”, alguém argumentará. E eu direi, sim, é censura. Um dos significados da palavra “Censura” é repreender. A censura já existe. Quando se decide que você não pode sair simplesmente inventando histórias caluniosas sobre outra pessoa, isso é censura. Quando se diz que determinados discursos fomentam o ódio e por isso devem ser evitados, como o racismo ou a homofobia, isso é censura. Ou mesmo situações mais banais: quando dizem que você não pode usar determinado personagem porque ele é propriedade de outra pessoa, isso também é censura. Nem toda censura é ruim…

Deixo claro que não estou defendendo a censura prévia, sempre burra. Não estou dizendo que deveria ter uma lista de palavras/situações que deveriam ser banidas do humor. Estou dizendo que cada caso deveria ser julgado. Excessos devem ser punidos. Não é “Não fale”. É “Fale, mas aguente as consequências”. E é melhor que as consequências venham na forma de processos judiciais do que de balas de fuzis ou bombas.

Voltando à França, hoje temos um país de luto. Porém, alguns urubus são mais espertos do que outros, e já começamos a ver no que o atentado vai dar. Em discurso, Marine Le Pen declarou: “a nação foi atacada, a nossa cultura, o nosso modo de vida. Foi a eles que a guerra foi declarada”. Essa fala mostra exatamente as raízes da islamofobia. Para os setores nacionalistas franceses (de direita, centro ou esquerda), é inadmissível que 10% da população do país não tenha interesse em seguir “o modo de vida francês”. Essa colônia, que não se mistura, que não abandona sua identidade, é extremamente incômoda. Contra isso, todo tipo de medida é tomada. Desde leis que proíbem imigrantes de expressar sua religião até… charges ridicularizando o estilo de vida dos muçulmanos! Muitos chargistas do mundo todo desenharam armas feitas com canetas para homenagear as vítimas. De longe, a homenagem parece válida. Quando chegam as notícias de que locais de culto islâmico na França foram atacados, um deles com granadas!, nessa madrugada, a coisa perde um pouco a beleza. É a resposta ao discurso de Le Pen, que pedia para a França declarar “guerra ao fundamentalismo” (mas que nos ouvidos dos xenófobos ecoa como “guerra aos muçulmanos”, e ela sabe disso).

Por isso tudo, apesar de lamentar e repudiar o ato bárbaro do atentado, eu não sou Charlie. Je ne suis pas Charlie.